É inadiável uma postura de ação perante o nosso planeta e é urgente os setores considerarem ter um impacto mínimo no meio ambiente durante as suas funções. No imobiliário, esse começa a ser o assunto presente nos planos de cada construção nova ou na reabilitação de prédios. O dia a dia de cada indivíduo deve basear-se nos novos hábitos que se encarregam de trazer o retorno, tanto na qualidade do ambiente, bem como, no retorno financeiro. Afinal de contas, serão estas as práticas que compõem um futuro mais sustentável e potencializarão o valor dos imóveis.
A sustentabilidade gera retorno? A resposta é positiva à pergunta e seguem-se vários exemplos de como podemos apostar no investimento de casas com construção ecológica e sustentável.
Fotografia de Zac Gudakov – Unsplash
O conceito de edifícios verdes não é novo, embora tenha ganho mais destaque nos últimos anos devido à urgência em travarmos um dos maiores desafios de sempre, as alterações climáticas. Estas, acontecem devido ao aumento da população mundial que em 2022 atingiu o impressionante número de 8 mil milhões e a tendência é de aumentar vertiginosamente. Com estes números, o consumo de recursos será ele também penalizado e não haverá espaço para a renovação natural dos mesmos.
O imobiliário está nos primeiros lugares dos setores que mais geram dinheiro no mundo e também é um dos maiores contribuintes para a pegada de carbono. O dever será alterar a sua forma de estar no mundo e incluir cada vez mais propriedades que respeitem as normas da certificação sustentável, nos seus portefólios. Será um esforço conjunto, mas possível, para atingirmos a meta de reduzir para 55% a pegada de carbono até 2030, e a neutralidade de carbono até 2050, seguindo as normas do Pacto Ecológico Europeu.
Uma habitação ecológica é sempre pensada ao detalhe. A sua construção e utilização são planeadas para terem o mínimo impacto no meio ambiente. Inicialmente, a planificação da casa deve utilizar materiais também eles, sustentáveis, produzidos sobre os mesmos padrões, sem recurso a combustíveis fósseis no fabrico e livre de produtos tóxicos.
Os habitantes da casa devem poder usufruir em pleno da habitação, otimizando o consumo energético da mesma. Com este tipo de construção é possível reduzir muito a utilização de combustíveis fósseis para aquecer ou arrefecer as áreas das casas.
Orientação – a orientação da casa é importante, principalmente em locais como o Algarve, que recebe em média 300 dias de sol por ano. É claro que estes planos só podem ser projetados em casas de nova construção. Por essa razão, se procura um terreno para a construção de raiz de uma casa, tenha sempre em conta a orientação solar, com vista na poupança da luz artificial e aquecimento.
Isolamento térmico – é a chave para um ambiente agradável dentro de casa. Se garantir um bom isolamento da sua casa ecológica, deixará de lado o uso de equipamentos artificiais nos momentos mais frios e quentes do ano. Poderá constatar vários materiais no mercado para as portas, janelas, tetos, paredes e chão. Estes materiais ajudam não só a ter uma sensação térmica agradável, como também acústica e ainda evitam a degradação da casa, protegendo-a da humidade.
Eficiência energética – As casas ideais para se viver devem ser autossuficientes e funcionarem com energias limpas e renováveis. Este deverá ser o objetivo de todos os construtores e investidores, para conseguirmos alterar a nossa realidade. Em Portugal, quando compra casa esta deve ter um certificado energético, onde é mostrada escala onde a mesma se encontra. Saiba mais sobre este assunto.
Casa Passiva – Sempre que ouvir este termo, saiba que está perante o expoente máximo das casas sustentáveis. Podemos aplicar este termo a uma casa de construção nova, mas este conceito também pode ser aplicado a casas já existentes de construção tradicional. Estas casas obedecem a determinados requisitos e por fim, recebem uma certificação especial de Passivhaus. Em Portugal existem várias entidades que o podem guiar, definindo por si os critérios a serem seguidos para obter uma casa que combina conforto térmico, qualidade do ar e baixo consumo de energia. Pode ler mais sobre este assunto, aqui.
Se achou interessante a ideia de ter uma casa passiva, veja o exemplo de uma, no nosso portefólio.
Materiais de construção – A escolha dos materiais é sem dúvida o primeiro passo para a construção de uma casa ecológica que tenha o menor impacto possível no meio ambiente. Sabe quais os materiais a escolher? Apresentamos a seguir, alguns materiais que são tão resistentes e duradouros como os tradicionais.
Fotografia de Alberto Castillo– Unsplash
Os materiais para construção sustentável são cada vez mais tendência e a base para que uma propriedade consiga a certificação sustentável. Estes materiais têm um impacto reduzido na sua produção e quando conjugados com a aplicação correta na construção de um imóvel, o planeta agradece. Estes materiais, para além de serem amigos do ambiente, também garantem uma sensação térmica agradável no interior das casas, reduzindo assim o uso do ar condicionado, ou outros equipamentos que funcionam recorrendo a combustíveis fósseis. Deixamos alguns exemplos de materiais para construção sustentável.
Tijolo Ecológico – A grande diferença do tijolo ecológico para o tijolo convencional, está na sua produção. O tijolo ecológico não necessita ir ao forno e por isso não existe a queima de madeira para o produzir. Apenas é colocado numa prensa hidráulica que dá a forma ao material. Este tijolo, é produzido com a mistura de vários materiais, como os compostos de areia, resquícios de obras, água e areia. São excelentes opções para quem tem em vista isolar a casa a nível acústico e térmico.
Tijolo de cânhamo – Os tijolos fabricados com fibra de cânhamo, já são uma realidade noutros países. Em Portugal, o uso deste material sustentável já começa a entrar nas construções e a serem produzidos por empresas portuguesas. O rápido crescimento desta planta, faz deste material um ótimo substituto aos materiais tradicionais. Tal como o tijolo ecológico, o tijolo de cânhamo serve de isolante térmico e acústico, durável e resistente em simultâneo. O fabrico deste tijolo tem uma pegada de carbono negativa e produz zero desperdícios.
Pavimentos e revestimentos de terracota – No Algarve são produzidos materiais para a construção sustentável com os próprios recursos que a terra dá. O famoso ladrilho de Santa Catarina, o tijolo burro ou a telha de Santa Catarina, são alguns exemplos de pavimentos e revestimentos fabricados manualmente no Sotavento algarvio e na cozedura recorrem ao desperdício de materiais para a combustão, como a serradura ou o bagaço de azeitona. Estes materiais são resistentes à luz solar direta, sem que a cor se altere, resistente ao choque e ainda são à prova de fogo. Os pavimentos podem ser usados no interior das casas e no exterior são úteis em rampas ou escadas pelas suas características antiderrapantes.
Telhados verdes – E se tivesse um jardim em vez de um telhado? Esta é uma opção que aproxima a natureza às habitações e é possível para qualquer tipo de imóvel, desde hotéis, habitações permanentes e espaços comerciais, entre outros. É mais uma opção sustentável no mercado que permite ter isolamento térmico como vantagem.
Tintas amigas do ambiente – Existem várias opções no mercado de tintas amigas do ambiente que podem ser escolhidas consoante o local a aplicar. Em Portugal a pintura com cal, pode ter caído em desuso nos centros urbanos, mas poderá regressar às práticas habituais, sendo este um método livre de substâncias tóxicas, é um material económico e a sua composição tem propriedades bactericidas, ou seja, deixa as paredes respirarem e não ganha bolor. Pode ser utilizado tanto no exterior, como no interior das casas e ainda pode juntar pigmentos naturais para dar cor a esta técnica de pintura ancestral.
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Segundo um estudo da JLL Portugal, de facto a construção ecológica poderá ser mais dispendiosa que a construção de raiz de uma casa convencional. Estima-se um aumento de 1% a 5% face a uma propriedade com a mesma tipologia, mas sem os padrões de sustentabilidade.
O investimento inicial numa casa cuja construção respeita os parâmetros de uma casa ecológica, poderá ser maior, mas a longo prazo terá retorno. Ainda no mesmo estudo, foi possível apurar que quando as medidas amigas do ambiente são aplicadas, garantem poupanças na ordem dos 50% em energia, 40% em água e uma poupança de 70% na produção de resíduos. Investir numa casa ecológica gera retorno a longo prazo.
Os valores dos materiais de construção, são os que mais pesam na fatura inicial, mas isso poderá ser revertido quando os padrões de casas sustentáveis forem um requisito. Se todos ponderarmos mudar a realidade das nossas casas, os valores dos materiais tenderão sempre a baixar.
Em 2030 teremos de dar provas que as nossas ações estão a mudar o rumo do planeta. É por isso, expectável que o investimento em imóveis sem a certificação de sustentabilidade, seja taxado de forma mais elevada. A carga fiscal poderá ser maior e assim, sairão penalizados os edifícios com emissões de carbono altas. Posteriormente, os preços dos imóveis não sustentáveis descerão e as casas ecológicas verão o seu valor aumentar. Com isto espera-se que as casas sustentáveis mitiguem o risco no investimento imobiliário.
Se o construtor da sua casa não seguiu os padrões de casas sustentáveis, saiba que poderá adotar medidas simples para ter uma casa mais amiga do ambiente e assim aumentar a eficiência energética. Se seguir alguns destes passos, verá o valor da sua casa aumentar na hora de vender.
Painéis solares – ou equipamentos geotermais, funcionam a energia limpa e são uma solução para aquecer a casa sem recurso ao uso da energia convencional.
Eletrodomésticos – Escolher eletrodomésticos de baixo consumo, é fazer uma escolha consciente. Ajudará o meio ambiente e ainda poupará ao final do mês. Nas lojas da especialidade em Portugal, todos os eletrométricos são acompanhados pela classe energética, opte pela classe A, a mais eficiente.
Iluminação – Troque todas as lâmpadas incandescentes por lâmpadas LED. Poderá parecer um passo básico, mas verá uma diferença na fatura da eletricidade ao final do mês.
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